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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Procurando uma Biblioteca Obscura, ou Como Enlouquecer um Aluno



Sexta-feira busquei no banco de dados bibliográficos da USP um periódico que eu preciso para a minha pesquisa, e vi que ele estava na biblioteca central da Poli.

Às 17h20 fui para o “complexo” politécnico. Não sabia onde exatamente estava esta biblioteca (não sabia nem onde era a Poli direito até alguns minutos antes), e o Google também não falava. Entrei no primeiro prédio com uma secretaria e perguntei onde era a biblioteca central.

“A Poli não tem biblioteca central. Deve ser um acervo da Poli lá na Brasiliana, vá para lá”.

Ok. Fui até a lá e perguntei como consultar. “Ah não, consulta aqui só com agendamento”. “Olha, só pra ter certeza, aqui é a biblioteca central, né?”. “NÃO. A biblioteca central da USP fica lá depois da Praça do Relógio. Vai até lá e pergunte a qualquer um que eles te indicam”.

Aff, beleza. Praça do Relógio, perguntar pra quem? Base da Guarda Universitária. “Não, não tem biblioteca central, você sabe que cada faculdade tem uma biblioteca, né?” o.O.  Mas ele estava de boa vontade, e eventualmente disse “será que você quer ir no Sibi?” (Sibi = sistema integrado de bibliotecas da Universidade de São Paulo) “Não moço, o Sibi não é uma biblioteca, é um órgão administrativo”, “Mas eu vejo os funcionários saindo com livros de lá de dentro”...

Bom, acho que a essa altura, não custa ir ao Sibi perguntar que biblioteca é essa que aparentemente não existe, eles devem saber.

“Oi, onde é a biblioteca central da Poli?” “Ah, acho que não tem, biblioteca central é a Brasiliana”. FACE-PALM. “Não moça, não é, eu fui pra Poli, falaram que não era lá, me mandaram pra Brasiliana. Na Brasiliana me mandaram pra Praça do Relógio. Na Praça do Relógio me mandaram pra cá.” “Ah tá, espera um pouco que vou ligar na Base da Guarda Universitária e ver se eles sabem”. Claro, nada vai dar mais certo do que ligar pro cara que me mandou pra cá...

Sai um funcionário do Sibi, a moça da segurança tem um momento de brilho e o intercepta, perguntando onde é essa maldita biblioteca. Resposta: “NA POLI”.
“Mas na Poli me falaram que não tem biblioteca central”. “Tem sim, o caminho é o seguinte [...] e chegando lá, não pergunte pela biblioteca central, diga apenas ‘onde é a biblioteca neste prédio?'”. “Ufa, obrigada”.


Volto até a Poli, passo vários prédios, uma rotatória, chego num edifício de tijolinhos vermelhos conforme indicado pela santa alma do Sibi, entro triunfante e digo “Onde é a biblioteca?”, “é lá no fundo, mas fecha às 18h00, olha a bibliotecária indo embora ali ->” aponta para uma moça saindo. São 18h03. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Algumas dicas pra escrever em inglês

Escrevi um artigo em inglês recentemente e descobri que para transmitir conceitos mais complexos eu precisava de palavras que eu simplesmente nunca tinha falado e, ainda que as conhecesse, não conseguia me lembrar delas sozinha.

Então fui bolando uma estratégia que foi bastante boa, por isso decidi compartilhá-la.



Do Google, acreditem ou não. Ele melhorou bastante, e se uma frase está encalacrada, vale escreve lá e ver o que ele sugere de tradução. A frase é inutilizável porque gramaticalmente fica toda descombubulada, mas é bom escrever inteira porque às vezes diferentes contextos dão diferentes sentidos. O que interessa é ver como ficam as palavras-chave e quais opções o Google dá para elas (passando o mouse sobre as palavras, aparecem outras opções).

2. Sinônimos
Este é particularmente bom e da para colocar desde palavras estupidamente toscas até conceitos mais complexos. Mas, uma vez que você achou uma que parece boa, é importante conferir se ela tem mesmo o significado que você queria.
Para isso, nada melhor que um bom e velho dicionário. Este é bom, rápido, de grátis e tem tudo o que eu precisei. Descendo tem também sinônimos, antônimos, traduções, etc. Mas acho que direto nos outros sites é melhor.
Porque sempre tem alguém que fala melhor do que você. Meus familiares e amigos têm o distinto privilégio de ler tudo o que eu escrevo mesmo em português, mas neste caso foi ainda mais fundamental pra apontar expressões muito ou muito pouco formais, traduções mentais estranhas, etc.


Espero que possa ajudá-los, amigues. Quem tiver outras boas dicas, favor compartilhar!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

...Ah, tem coisa que é mal gosto mesmo!



Essa semana resolvi dar uma organizada nas pastas do computador e achei muita que eu nem me lembrava.

A mais divertida foi esta foto, tive que dividir este momento porque é tá dificil guardar só para mim...

É... como arquiteta não consigo deixar de ser critica em diversas situações. Arquitetos sempre observam demais os espaços... Inevitável!

Chega uma hora que a gente desiste de tentar entender as pessoas que acham que são arquitetas, as que acham que são engenheiras, as que acham que são decoradoras... O melhor é rir das coisas!

Vamos logo ao assunto.

Fiz uma viagem há um tempo atras e fiquei em um albergue. Já fiquei em albergues muito legais, mas esse deixou bem a desejar, viu...
A pior lembrança que tenho é a do banheiro. E tá ai a foto que eu achei hoje do pior ângulo dele.
"DECORARAM" a banheira do banheiro mais sujo e caindo aos pedaços que ja vi!
Uma mata de plantas e animais selvagens de PRÁSTICO!




Tenho certeza que vendo isso você pensou: MEODEOSSSSSSSSS!!!!!!!!!!


É... Eu também!!! E juro que ao vivo é bem PIOR!

Sem mais comentários... O banheiro não merece!

Gracias!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Alguma coisa sobre a Copa do Mundo


Quando essa Copa começou, devo admitir que não estava muito envolvida. Talvez porque a Suécia não tenha nem classificado, talvez porque essa seleção brasileira não tem o menor carisma e os auês em cima do Dunga me dão sono.

Mais do que isso, essa comoção nacional em cima da Copa, todo mundo com bandeira... Me deixa meio deprimida. Nada contra tudo isso, mas o que eu queria mesmo é que as pessoas fizessem isso em época de eleição, de independência, sei lá, mas que o orgulho nacional não se apoiasse em bases tão... Efêmeras.

Ainda mais porque é óbvio que o Brasil não vai ganhar essa Copa. Como ele vai ganhar a próxima, em casa, já vai ser hexa. Se fosse virar hepta, ia ficar tão longe que os outros times iam perder o interesse. Não estou sugerindo que seja tudo pago e combinado. Chamem de karma se quiserem, de palpite, pra mim tanto faz.

Mas enquanto isso a Copa foi começando... Aquele primeiro jogo da Alemanha foi sensacional, dois dias depois teve o jogo da Dinamarca e da Holanda, e eu, que estava torcendo para os dois, fiquei com sentimentos ambíguos quando meus primos escandinavos fizeram um gol contra. E nessas, já estava ficando envolvida.

Uma amiga eslovena tinha brincado que se a Eslovênia passasse pra segunda fase, ia ser feriado nacional. Eu achei engraçado, mas depois me toquei que aqui qualquer jogo do Brasil na Copa é feriado nacional. E assim foi na estréia, 202km de trânsito em São Paulo às 15:00hrs, e muita expectativa. Eu perdi o bolão (tinha apostado 3x1), mas me diverti.

Aí meu primo (sueco) me diz que está juntando dinheiro e quer vir pra Copa em 2014. Eu não consegui nem ficar feliz por vê-lo, fiquei só agoniada pensando no caos de estádios e projetos inacabados, robalheira a solta, colapso do sistema aéreo e rodoviário do país.... E sempre me choca que não se discutem esses projetos num debate mais amplo, e nem IAB, nem FNA, nem AsBEA, nem mesmo a FeNEA reinvindicam esse direito no mínimo ao debate, que dirá de abrir concursos públicos nacionais pra criação de projetos. Aproveitar a chance da Copa (e Olimpíada) com espírito empreendedor, usando a injeção de dinheiro e olhos pra cá para repensar nossos modelos de cidade, nossos ícones urbanos.

Ainda por cima vem a notícia que o Morumbi foi vetado. Depois do projeto do Ruy Ohtake, depois do projeto do escritório alemão especializado em estádios. E que a decisão era puramente política por questões do Ricardo Teixeira com o São Paulo. Faltando quatro anos pra Copa, Copa está que cria feriados e representa uma parcela assustadora do orgulho nacional. E arquitetos e urbanistas que lêem a notícia no jornal pela manhã, saem pra trabalhar e nada fazem a respeito. Fiquei meio deprimida de novo.

Mas continuei vendo os jogos, vendo o Brasil, vendo a Dinamarca, a Eslovênia... E realmente, Copa é muito legal. Só a vuvuzela e algumas coisinhas que mencionei acima que não o são.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Parabéns (?) Brasília

Texto enviado especialmente pela Camila para a comemoração dos cinquenta anos de Brasília! Muito bom!



Há 50 anos surgiu uma nova cidade, uma capital. Carregada de significados e desejos de uma nova sociedade, Brasília se instalou no meio do cerrado, cercada de nada. Algo teria, necessariamente, que vir até ela. E vieram muitos algos, muitos alguéns. Brasília então começou a surgir como espaço construído e como sociedade, para poder rápida e finalmente ser inaugurada como cidade.


Mas o que de fato surgiu, e como evoluiu e se estabeleceu no meio do território brasileiro? Essa cidade consegue ser a representação de um povo e de sua cultura? A sociedade almejada por seus criadores chegou até aquele local assinalado com um sinal da cruz?

Visitar Brasília é uma experiência única. Maravilha-se com a grandiosidade do Eixo Monumental e com a suposta generosidade dos espaços criados nas Superquadras. Assusta-se com a dificuldade de uma simples travessia de ruas, na busca de uma faixa de pedestres. Fica-se abismado com a quantidade inimaginável de toldos que é possível colocar em um edifício com apenas 6 andares; o que torna bastante difícil a comunicação entre a mãe que está no apartamento e o filho que brinca no jardim. Mostra-se de uma dificuldade imensa o conhecimento dos pilotis tanto enaltecidos pela arquitetura moderna: hoje em dia os salões de festa se fazem extremamente necessários.

Em outra escala, pode-se pensar na riqueza cultural que uma nova cidade pode trazer a um país. Pessoas vindas de todas as partes de um território tão extenso, para construir e residir no que configura a nova cara do Brasil, mas para eles está reservada tão somente a construção.

Brasília trazia consigo o desenho de um novo espaço para uma nova sociedade, que ainda não havia sido estabelecida, mas que o futuro havia de trazer. Mal sabia Lúcio Costa que o futuro ainda vai demorar a chegar (sendo isso uma visão bastante otimista, pois pode ser que não chegue jamais). Uma cidade criada para uma população que se contenta em utilizar somente das suas unidades de vizinhança; que não necessita de transporte público para sua mobilidade diária; que pode contar com o desenvolvimento igualitário de um país que promete! Mal sabia...

Hoje Brasília consegue, infelizmente, ser o retrato da sociedade brasileira com um todo, da sua desigualdade tão gritante, independente da distância ou proximidade física. E da falta de tato daqueles que planejam não só o espaço, mas a vida daqueles que o ocupam. Pois é necessário planejamento, é necessária a continuidade de um pensamento, atrelado a uma visão concisa do todo. Uma capital jamais será a representação de um ideal de país que não existe. Faltou para o Brasil (e não para Brasília) que aqueles que determinaram o caminho que a política ia seguir lessem o memorial de Lucio Costa. E que, condizente com todo aquele discurso de uma cidade que “se caracteriza pela simplicidade e clareza do risco original, o que não exclui, conforme se viu, a variedade no tratamento das partes, cada qual concebida segundo a natureza peculiar da respectiva função, resultando daí a harmonia das exigências de aparência contraditória. É assim que, sendo monumental, é também cômoda, eficiente, acolhedora e íntima. É ao mesmo tempo derramada e concisa, bucólica e urbana, lírica e funcional”, buscasse um país que se caracterizasse tal qual (o projeto de) sua capital.

E é com esse descompasso existente entre parte e todo que o país deseja a seu centro representativo, um grande e sonoro Parabéns (?)!


segunda-feira, 29 de março de 2010

James Bond e o ESO Hotel

O vigésimo segundo filme do James Bond, "Quantum of Solace" (2008), além de apresentar ação, machucados, traição, tiros e ternos, nos mostra também um lindo projeto de arquitetura.

Estou falando do Hotel no meio do deserto que explode lá pelo final do filme.



(imagem capturada no site )



Projetado por Auer+Weber Arquitetos (http://www.auer-weber.de/index-intro.htm), o hotel é muito lindo e curioso. Um hotel no meio do deserto do atacama, Chile?




A implantação do hotel se deve à proximidade ao "Very Large Telescope" (VLT), operado pela Southern Observatory (ESO). O hotel presta serviços aos cientistas e engenheiros.


São 12.000m² -120 quartos, piscina, biblioteca, ginásio e áreas de lazer. Ou seja, muita diversão mesmo. Custou 11 milhões de euros.






A implantação é muito congruente e revela o perfil natural do terreno. O acesso é feito por 2 passarelas, até onde eu entendi, e, uma dessas passarelas está no eixo da rua.





(imagem capturada no site e marquei o corte)

(imagem capturada no site - o corte)






(imagem do site e revisitada por mim para a compreensão do desenho)




(imagem capturada no site)






(imagem do salão principal - capturada no site)



(Bond, Jame Bond, correndo na entrada do ESO Hotel)

(Bond explodindo o ESO Hotel no filme "Quantum of Solace")

Booooooooooommm!!!!

(Dedico este post ao Vada, Pedro Vada, que me contou que o hotel estava no filme).

quinta-feira, 25 de março de 2010

Homenagem à turma #4

(convite da formatura #4)


Amanhã será um dia/noite notável. Mais um ciclo se completa, mais amigos arquitetos. Amanhã se forma a turma #4.
Essa turma é muito especial. Foi a primeira turma que nos fez sentir "ciúmes" da Escola da Cidade e, aos poucos foi nos conquistando.

“ 2005: o segundo ano e o estranho sentimento de pessoas novas dentro da Escola.
Agora era nossa vez de ensinar a usar a escala. Agora era nossa vez de dar boas-vindas.
De sentimento estranho a sentimento de responsabilidade. Ganhamos mais força”.

(trecho do texto dos oradores de 2008, turma #3)

Além disso, a turma #4 também é formada por grandes amigos que ingressaram na Escola em 2004, junto com a gente, da turma #3.

“É importante dizer que a terceira turma de formandos é composta por todos que ingressaram na Escola em 2004, por todos que vieram de outras faculdades, por pessoas de outras turmas. Alguns de nossos amigos não se formam conosco hoje, mas cabe aqui uma lembrança especial a todos, pois falamos também em nome deles”.

(trecho do texto dos oradores de 2008, turma #3)

Juntos, passamos por 2 TFG´S, várias viagens, risadas, fotos incríveis, inúmeros momentos difíceis, inúmeros momentos felizes, festas e agora, passaremos mais uma formatura juntos! Amanhã a turma #3 também se forma, enfim.

Parabéns turma #4!!! Aproveitem muito o dia amanhã que é todo de vocês!!!

Um brinde!!!

Nós, aqui do Putz!, mandamos um beijo em especial pra Mina, não só por ela ser a fundadora do Putz!, mas também pelo lindo TFG e pormenores com parafusos loucos; pra Bia Christal, por andar pela cidade e enxergar além das construções; pra Juju, por saber que descansar é preciso e pela garra; pro Pedro Ivo, por nos mostrar bons sentimentos em cada croqui.

Muitos beijos!

Queen Anne e Matilda

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A surpresa além dos fatos


O cinema é retina universal. Um bom filme nos mostra a surpresa além dos fatos.

Um bom filme:
- "Um corpo que cai" (Vertigo), EUA, 1958

Os fatos:
. diretor: Alfred Hitchcock.
. roteiro: roteiro:Samuel A. Taylor e Alec Coppel, baseado em livro de Pierre Boileau e Thomas Narcejac.
. o filme criou um efeito pioneiro que cria uma sensação de vertigem, "Vertigo effect".
. o diretor aparece durante alguns segundos no filme.
. foi indicado ao Oscar de 1959, nas categorias de melhor direção de arte e melhor som.

O efeito
O diretor (capítulo 3)


A supresa além dos fatos:
. "I look up, I look down", diz o persongem Scottie de cima de um banquinho regular, interpretado por James Stewart.


"I look up, I look down..."


Scottie é um ex-detetive com medo de altura, acrofobia. Para ajudá-lo, sua amiga Midge (Barbara Bel Geddes), busca na cozinha um banquinho mais alto. Scottie sobe no banquinho para enfrentar seu medo.


Midge e o banquinho

Mas, reparem: não é qualquer banquinho!!!


Além de muito belo, o banquinho também tem propriedades de uma escada: degraus.


Este banco/escada é absolutamente o objeto de sonho! Ao invés de pegar o banquinho que fica na cozinha e tentar se equilibrar e, muitas vezes ficar longe da latinha do milho que se encontra na mais alta prateleira, você pegaria não só um mero banco, mas sim, uma escada também! É apropriado, é uma verdadeira surpresa!

Hitchcock e o desenho ilustrativo do funcionamento do banco/escada


Então, ao assistir um filme, mesmo que ele não seja tão bom...um belo banquinho pode aparecer!!!

Indico o filme e o banco.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Arquitetura e Música - o retorno.

A Casa do Oscar

"A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira. Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar. Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar."

Chico Buarque

Colégio Cataguases, Oscar Niemeyer.


Obs.: Bédora, feliz aniversário!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Planeta Terra e lições inusitadas de urbanismo

Em tempos de Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil, discutir equipamentos urbanos por aqui ganha novo fôlego, e ainda que infelizmente não na mesma proporção que a quantidade de cagadas que serão cometidas, podem levar a boas coisas.
O que me remeteu a isso não foi criticar o plano do Rio pra 2016, com projeto assinado pelo Sr. X, mudanças que o COI não aprova, que depois são desmentidas e essa salada toda, nem mesmo o projeto do Artigas para o Estádio do Morumbi sendo reformado pelo Ruy Otahke.

Por que falar disso e não falar de bons e inusitados exemplos de apropriação de equipamentos urbanos que as cidades já tem, como o Planeta Terra fez com o Playcenter neste fim de semana?

O festival já vinha por este caminho quando se apropriou da Vila dos Galpões, na zona Sul da cidade. Infelizmente o complexo foi demolido para dar lugar ao novo camelódromo da cidade, e que em teoria vai desafogar o Largo 13.

Antigo layout do Terra.

Isso em si já é um absurdo, ainda mais considerando o que o Mauger bem apontou: patrimônio histórico industrial de São Paulo não é a meia dúzia de galpões de tijolinho no Brás, mas sim estes empreendimentos em concreto armado dos anos 1960. Como a nossa cidade pratica uma permanente destruição da memória, lá se foi a Vila.

Só que isso deu chance de eles descobrirem o Playcenter, e foi a descoberta mais esperta desde o sorvete de goiaba com queijo.

Passagem de som do N.A.S.A. e Casa Dos Horrores


Porque eles acharam um lugar com infra pra dezenas de milhares de pessoas passarem em um dia, entretenimento a valer, espaço para shows com qualidade, e a chance de fazer alguma coisa totalmente diferente.

Teve gente que achou que a comida estava meio ruim (pra mim sempre é) e não tinha opções sem carne, mas ter um banheiro de verdade, limpo, sem fila e com papel às 3hrs da matina compensam tudo isso. E isso é mérito do Playcenter.

Assim como poder ir em um monte de brinquedos sem fila, me refrescar no brinquedo de água com o calor do cão que fez durante o dia e rir que nem bocó no carrinho de bate-bate, ouvindo boa música e cercada de gente que parecia tão feliz quanto eu de se ver naquela situação.

Eu fiquei realmente encantada.

E entendo perfeitamente que parque de diversões e música não tem nada que ver com esporte, mas eu realmente acho que esse tipo de iniciativa tem que ser lembrada quando JÁ estão reformando os equipamentos que fizeram pro Pan – e falaram que iam servir pras Olimpíadas – porque estão pequenos/obsoletos/mal cuidados.


É, teve shows incríveis também, o Iggy se superou, o N.A.S.A. foi fenomenal... E umas outras coisas que foram só ok. Mas disso a gente fala depois.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Música, arquitetura e os ossos

O final de semana é, para alguns, um bom momento para relaxar, ler um livro, organizar a vida e, para outros, é a melhor hora para sair pra dançar, se divertir, "sacudir o esqueleto". E é sobre essa expressão tão cativante e instigante que darei sequência ao post passado.
Formado por 200 ossos, o esqueleto é a mais formidável, leve e resistente estrutura do mundo; protege nossos órgãos internos e permite que possamos praticar todos os verbos. Nenhuma máquina chega, literalmente, aos nossos pés.


A durabilidade de um esqueleto é incrível!!! Resiste a fatores climáticos, temporais e nos revela comportamento de vidas passadas. Mas, comofaz?

Nossos ossos estão em sempre em atrito. Ao "sacudir o esqueleto", vários ossinhos, em atrito, vão se "quebrando" em pedacinhos. Porém, não tenha medo!!! O esqueleto se renova a cada desgaste.

Nossa! Podemos aprender muito com tal divina estrutura mas, nunca poderemos a reproduzir.

Aproveite cada osso, ilustres leitores e dance junto com os clipes escolhidos, criteriosamente, por quem vos fala.

Apoio visual e auditivo:

Veja aqui (não foi possível incorporar esse por motivos legais)




O osso é mais resistente que o concreto, queridos arquitetos/ engenheiros!!!

O osso é a mais leve armadura, queridos guerreiros!!!

O osso é feito para dançar!!!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Rock 'n Roll e a Arquitetura

Wilco é uma banda de rock de Chicago, Illinois. Em 2002, lançaram "Yankee Hotel Foxtrot", um de seus mais aclamados discos.
Bertrand Goldberg foi um arquiteto de Chicago, Illinios. Em 1964, lançou as "Torres de Marina City", um de seus mais aclamados projetos.

Goldberg, aos 18 anos, foi estudar na Bauhaus e trabalhou no, ainda pequeno, escritório de Mies Van der Rohe.
Jeffrey Tweedy, vocalista da banda Wilco, aos 18 anos tocava em uma banda chamada "The Plebes".

Em 1937, Goldberg volta para Chicago e abre seu próprio escritório.

Em 1994, "Wilco" é formada.

Demorou 38 anos para eles, arquiteto e banda, se encontrarem.
Basta admirar a capa do disco "Yankee Hotel Foxtrot" e perceber que ali está "Marina City". Porém, poucos sabem disso.



As "Torres de Marina City", com 60 andares, foram na época, as torres de concreto mais altas do mundo!
As torres são parte de um complexo implantado nas margens do Rio de Chicago, perto do "Millenium Park".



O complexo é formado por um edifício de escritório de 16 pavimentos, um teatro, as torres de habitação/estacionamento, uma marina e espaço comercial na base das torres, pista de skate e pista de patinação de gelo.


Tal programa do complexo foi pensado como solução para os problemas causados pelo zoneamento de bairros comerciais e residenciais. Assim, a "Marina City" funcionaria como um "cidade dentro da cidade", segundo o arquiteto, acontecendo em dois turnos; o diurno e o noturno.


É importante dizer que esse projeto foi pensado em uma época (1960-1970) em que os arquitetos se mostraram insatisfeitos com as releituras das idéias do Modernismo, pois este já não fazia mais sentido no contexto social e principalmente, questionavam a concepção do desenhos das novas cidades. Diziam que a cidade não poderiam mais ser pensadas com as antigas, fixas e estáticas, deveriam ser dinâmicas.

Há dois tipos de apartamentos: a quitinete, que ocupa uma "pétala", e o apartamento com um dormitório, que ocupa uma "pétala" e meia.


Recomendo o projeto e o disco, juntos e separados.

Goldberg dizia que a arquiteura é uma arte pública que mostra para as pessoas o que elas têm pensado. E foi exatamente o que o "Wilco" pensou.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Prédios animados

Dica da Natasha! Urban Screen é um grupo alemão que faz intervenções em fachadas de prédios para fins artísticos ou comerciais com projeção de imagens baseada na arquitetura do edifício. Muito bonito e incrivelmente bem feito.
Tem todos os vídeos no site deles, vale muito a pena.
E no mesmo assunto, o maior painel do mundo, 600 metros de imagem pra comemorar o aniversário de 400 anos de Quebec nos silos do porto. Muito legal!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fatia Paulista

Conforme dica de Hipopótamo Zeno, um excelente e despretensioso curta sobre São Paulo.
Bonito, divertido, todo mundo que viu pensou "putz, queria ter feito este corte".

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Eu tenho vergonha da Revista da Folha

As vezes que li às reportagens da Revista da Folha, achava tudo muito engraçadinho. Reportagens sobre moda, animais fofos que eu adoro e todas as tentativas frustradas ao tentar falar de arquitetura e urbanismo. Eu tenho para mim que eles estão sendo irônicos, que não acreditam no que escrevem. Só pode ser piada, claro.

Essa falta de propriedade ao falar sobre assuntos sérios costumava me divertir, mas, ao ler essa última reportagem, “São Paulo imaginada” ( dia 12 de julho) eu me senti ofendida. Isso não é uma piada.

Eu sempre gostei muito de jogar futebol, de ver os jogos e torcer com a camisa vestida. Entretanto, tudo tem um limite; “O exercício de imaginar uma São Paulo reestruturada- com sistema de transporte adequado ao seu tamanho, transpassando prédios futurísticos- tem sido fomentado pelo maior evento futebolístico do planeta”. Revista da Folha, pág. 9

Grandes eventos esportivos promovem a construção de novas infraestruturas, deixando ao seu término, importantes equipamentos públicos. Fato. Mas, o sistema de transporte de São Paulo tem sido discutido exaustivamente há tempos e, digo isso por experiência própria. Não posso acreditar que a Copa de 2014 tenha sido o motivo de tal preocupação urbana.

“Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica. Edifícios com arquiteturas de grifes espalhados pela cidade. São rascunhos de uma nova São Paulo em projetos que somam R$ 32 bilhões, com recursos da prefeitura , do Estado e do governo federal” pág. 9 e 10

Gastrite. Estou me sentindo mal. E, “arquitetura de grife”, que $#%#@ é essa? Era melhor quando eu tinha para mim que eles não estavam falando sério.

Bom, vamo lá, “Por favor, me vê essa casa com etiqueta no telhado ta? Faço questão de pagar mais caro por isso. E, claro, neoclássico com telhado tipo chalé suíço”. Um looshu.

A reportagem segue assim, sem critério e sem convicção. Falam com naturalidade do Ruy Othake ter feito um projeto de reforma para o Estádio do Morumbi, (projeto do arquiteto Vilanova Artigas), citam como exemplo de transformação urbana o Guggenheim de Bilbao, na Espanha, como se fosse possível ter a mesma leitura cultural no Brasil e na Europa; essa mania de querer ser a Europa.

Constatam inocentemente que a cidade, em pouco tempo, vai se transformar em um canteiro de obra; não poderia deixar de ser diferente, mais uma vez a cidade transforma pela urgência, pela ganância. O exemplo maior: as Marginais Tietê e Pinheiros, as avenidas fundo de vale (outro assunto polêmico).

Quando já estava pensando seriamente em tomar um calmante, eu li o seguinte título “ Favelas do futuro”.

Lamentável: “Um modelo de estudo para o futuro da metrópole se baseia em artigo elaborado pelo sueco Jesper Nylund para a Swedish University of Agricultural Sciences, com apoio da embaixada da Suécia, que chega a projetar uma São Paulo sustentável para o ano de 2050. O texto de 45 páginas faz uma prospecção com desenhos e descrições das favelas”.

foto: revista da folha,12 de julho de 2009, ano 17, pág.12 e 13

Super legal né? Ai, o Ruy Othake ajuda com a pintura das fachadas e fica tudo um lindo cenário.

A favela é a indicação de que alguma coisa não está certa, de que esta democracia não é para todos. É a marca da estupidez humana.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Cidade e arte

Saí no metrô Anhangabaú as 21:15hrs de uma quarta-feira e pus-me, inadvertidademente, a caminhar na direção radialmente oposta àquela pretendida. Pretensão esta de entender a cidade, de saber lidar com ela.

É evidente que neste momento eu não tinha percebido que estava indo para o lado errado, mas sentindo algo de estranho no trajeto, olhava para cima, me localizava pelos edifícios. Meu quebra-cabeça urbano lutava para recalcular a rota, inseguro. Perguntei, ninguém sabia, quatro vezes.

Girei 180° e segui percurso, porque este tanto eu deduzi. Caí na rua errada, me vi cercada de pessoas que me viam como alienígena. Meus sapatos pareciam cobiçados nos olhares atentos e direcionados. Dei meia volta e parti num caminho que permitisse o sucesso da empreitada.

Um carro de polícia apareceu me seguindo e me senti segura, escoltada. Andávamos apenas eu e a viatura numa viela de pedestres. O carro parou, um homem em prantos foi jogado na rua. Mudei de direção novamente.

Contornei, cheguei. Cheguei e entrei num espaço cultural num hotel reciclado.

Surgiu um flautista. Surgiu um grupo de dança, motivo de toda a história. Surgiu movimento, vida, ocupação artística do espaço. Meus sentidos foram estimulados pela textura, pelo som e pelo que se criava ali. Um estímulo bastante contrastante com a experiência imediatamente anterior.

Em tudo isso, me vi perplexa. Não sei ainda analisar ou emblematizar esta situação, mas a caricaturização da vivência urbana me surpreende sempre.

Foto tirada por mim, lá.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Aos formandos


Continuando na onda de posts autobiográficos...

Não sou formanda, professora, paraninfa ou patrona, mas me atrevo a dizer algumas palavrinhas pra turma que era minha que foi embora.


Passamos cinco anos juntos (ou quase juntos) e passamos por uma porção enorme de coisas.

Não vou listar os eventos inesquecíveis e engraçados porque isso fica a cargo da Doda e do Gui no discurso, e da Cá nas fotos. E por mais que eu ainda tenha o TCC pela frente, foi com vocês que eu aprendi a pensar como arquiteta, a não querer ser arquiteta, a descobrir que sou.

Desejo a vocês muita sorte no mundo de gente grande, que vocês arrumem empregos legais, abram bons escritórios, e principalmente, façam bons projetos. Não sei quem vai ser arquiteto, urbanista, designer, historiador, ator, malabarista, político ou dono de restaurante, mas espero que vocês se dêem muito bem no que quer que forem fazer, porque são projetos de qualquer maneira.

Espero ainda, que a gente olhe daqui há vinte anos e tenha muito orgulho de falar que estudou com tal ou tal pessoa, que seja um de nós que, disposto a melhorar a cidade, conseguiu. Que a gente tenha orgulho de ter sido turma cobaia, de uma escola que virou muito boa. Que voltemos lá para dar aula e dividir nosso conhecimento.

É bom que vocês não esqueçam de nós, os retardatários, e venham ajudar a gente a se formar, como eu ajudei um pouco vocês!


E pronto. Quero ver todo mundo de marrom no sábado, porque é a cor da arquitetura, como acabei de descobrir.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Domingo no Parque pt.1/2


Gosto muito do Parque Ibirapuera, mesmo de domingo quando ele está entupido.

O que me incomoda no entupido é perceber a carência de espaços públicos de lazer em São Paulo. O que me agrada é a convivência coletiva harmoniosa. Embaixo da marquise cabe eu, cabem os skatistas, as crianças aprendendo a andar de bicicleta, os patinadores, adolescentes modernetes, idosos fazendo alongamento, pais das geração saúde e quem mais quiser estar lá. Na minha opinião, um espaço democrático por excelência.
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Foto tirada do site do Vitruvius, feita por Nelson Kon


Gosto médio da lanchonete. Sem querer furei fila e estou com peso na consciência até agora.

Gosto demais do MAM. Fui lá ver a exposição "Atenção: estratégias para entender a arte". Uma exposição muito bacana, que está de graça até fevereiro.
É uma exposição a princípio tapa-buraco, porque é pequenina e só com peças do acervo. Mas ela é muito legal porque mostra formas de compreensão da produção de arte dos anos 60 até hoje. E tem peças fabulosas que eu tinha visto no MAM60anos e não sabia se poderia ver tão cedo de novo. Meus destaques vão para:

- Iran do Espírito Santo e uma delicadeza estelar
- Nelson Leirner e uma ironia rural
- Laura Lima e um palhaço assustador
- Lygia Pape e um poder de síntese tão bonito

Não conto o que são pra ver se alguém se anima de ir e ver por si próprio.

Depois fui no SPFW ver o desfile do Mario Queiroz. Mas isso eu conto amanhã.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

300% Spanish Design


Faz tempo que fui ver essa exposição no SESC Paulista e nem sabia que ainda estava em cartaz, mas tive a boa surpresa de que sim! Porque vale muito a pena a visita.
São 100 cadeiras, 100 luminárias e 100 pôsteres produzidos na Espanha nos séculos XX e XXI (talvez tenha um restinho de XIX, já não lembro...).
Daí tem essas coisas mega pop como cadeira desenhada pelo Dalí, mas não é das mais legais.
Os nomes mais clássicos pra prestar atenção nas cadeiras e luminárias são o Jorge Pensi e o Javier Mariscal. E tem outros fantásticos como Miguel Milá, Estudio Enpieza... E mais um monte que não precisa ficar listando porque é mais legal ir lá e ver. Guarde só mais esse: Hector Serrano. Se alguém se empolgar, eu passo a lista com todos os nomes que eu destaquei depois.
É sempre bom ver que a maioria dos designers tanto de luminárias como cadeiras são também arquitetos. Bom porque eu acho essencial se pensar um espaço considerando que ele será ocupado por pessoas, que vão andar, sentar, conversar, ir no banheiro... Enfim, vivê-lo. E a qualidade de como se ocupa o espaço determina uma intenção na maneira em que ele será vivido, o que acaba melhorando o projeto do próprio espaço. Sim, sou contra o conceito de partidão. Mas isso é outra história.
Agora, dos cartazes é meio estranho, porque são na grande maioria da coleção de um cara que colecionava cartaz de feiras, então tem coisa do meio da Guerra Civil Espanhola que é cartaz de feira de produtos agrícolas, e com teor político (ao menos explícito), nada. O único nome que eu destaquei foi o Peret.

Para ilustrar, uma reportagem animal do Metropolis sobre a exposição, na própria:

(graças a Leila e seus fartos conhecimentos sobre html)

Relembrando: Sesc Paulista, até 11 de janeiro.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Hong Kong e as Rolantes


A Doda me vem com a seguinte frase “Aguardo ansiosamente uma matéria sobre escadas rolantes. São fascinantes!” acompanhado de um arquivo com os desenhos técnicos das rolantes (tô só jogando a gíria no ar, pra ver se pega). E eu digo “mas é claro!” e me pergunto como diabos vou fazer isso.

Mas daí eu lembrei um assunto que eu tinha vontade de falar e que havia me escapado da memória: as incríveis e de fato fascinantes escadas rolantes de Hong Kong.

Sem dúvida é uma das cidades mais impressionantes que eu já fui. E é preciso falar algumas palavrinhas sobre ela pra entender as rolantes (hahaha, eu me divirto toda vez).

A média de andares dos prédios lá é de uns 40 andares, porque é uma micro ilhota com uma densidade demográfica absurda (6200hab/m²!!) e uma topografia igualmente absurda, o que faz com que todas as ruas sejam inclinadas e tortuosas. Imagine assim: coloque alguns dos maiores arranha céus do mundo em Ilhabela e a transforme num dos maiores centros financeiros do mundo. É lá o metro quadrado mais caro do mundo.


Junte isso ao poder aquisitivo que vem junto, às maiores e mais chiques lojas do mundo, uma cultura super elaborada entre ser China, não ser, ter sido inglesa até meia hora atrás e dá pra ter uma idéia.



Nessa foto, tirada do Victoria Peak, que é a parte mais alta da cidade, dá pra ter uma idéia. Eu contei os andares do prédio mais baixinho na foto: cinqüenta! Daí dá pra ver os prédios da orla, que incluem o Bank of China (I. M. Pei, 1989) à direita na foto, o IFC (Rocco Design Ltd., 2003) no centro e o HSBC (Sir Norman Foster and Partners, 1985) não dá pra ver porque ele é “pequeno”.
Do outro lado já é outra cidade. Tudo conurbado, obviamente.







Bank of China / HSBC / IFC

Mas para chegar ao que interessa: com isso tudo, não haveria como trânsito não ser caótico. Por causa disso, o governo fez uma gigantesca escada rolante pública que sobe do centro financeiro pra área residencial, aliado a uma escada mecânica para a descida, ambas cobertas.


Essa imagem não diz muito porque é difícil tirar foto dela. Aliás nessa em específico tá rampa rolante. Gosto muito da cara das pessoas fingindo que não tem foto.

É muito bacana. O jeito que ela está implantada é esquisito, porque criou uns fundos nos lotes que ela cortou pra esse lugar público e de passagem, mas de qualquer maneira, passam 45.000 pessoas por dia por ela, que super respeitam o espaço e deixam seus carros em casa por causa dela.

Com esse mapa que eu tirei daqui
dá pra entender melhor.



Não dá pra dizer que não é fascinante. E viva as rolantes!!

Nota para um futuro post: o show de luzes de Hong Kong.

Todas as imagens (menos a creditada) são do wikicommons.