segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Planeta Terra e lições inusitadas de urbanismo

Em tempos de Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil, discutir equipamentos urbanos por aqui ganha novo fôlego, e ainda que infelizmente não na mesma proporção que a quantidade de cagadas que serão cometidas, podem levar a boas coisas.
O que me remeteu a isso não foi criticar o plano do Rio pra 2016, com projeto assinado pelo Sr. X, mudanças que o COI não aprova, que depois são desmentidas e essa salada toda, nem mesmo o projeto do Artigas para o Estádio do Morumbi sendo reformado pelo Ruy Otahke.

Por que falar disso e não falar de bons e inusitados exemplos de apropriação de equipamentos urbanos que as cidades já tem, como o Planeta Terra fez com o Playcenter neste fim de semana?

O festival já vinha por este caminho quando se apropriou da Vila dos Galpões, na zona Sul da cidade. Infelizmente o complexo foi demolido para dar lugar ao novo camelódromo da cidade, e que em teoria vai desafogar o Largo 13.

Antigo layout do Terra.

Isso em si já é um absurdo, ainda mais considerando o que o Mauger bem apontou: patrimônio histórico industrial de São Paulo não é a meia dúzia de galpões de tijolinho no Brás, mas sim estes empreendimentos em concreto armado dos anos 1960. Como a nossa cidade pratica uma permanente destruição da memória, lá se foi a Vila.

Só que isso deu chance de eles descobrirem o Playcenter, e foi a descoberta mais esperta desde o sorvete de goiaba com queijo.

Passagem de som do N.A.S.A. e Casa Dos Horrores


Porque eles acharam um lugar com infra pra dezenas de milhares de pessoas passarem em um dia, entretenimento a valer, espaço para shows com qualidade, e a chance de fazer alguma coisa totalmente diferente.

Teve gente que achou que a comida estava meio ruim (pra mim sempre é) e não tinha opções sem carne, mas ter um banheiro de verdade, limpo, sem fila e com papel às 3hrs da matina compensam tudo isso. E isso é mérito do Playcenter.

Assim como poder ir em um monte de brinquedos sem fila, me refrescar no brinquedo de água com o calor do cão que fez durante o dia e rir que nem bocó no carrinho de bate-bate, ouvindo boa música e cercada de gente que parecia tão feliz quanto eu de se ver naquela situação.

Eu fiquei realmente encantada.

E entendo perfeitamente que parque de diversões e música não tem nada que ver com esporte, mas eu realmente acho que esse tipo de iniciativa tem que ser lembrada quando JÁ estão reformando os equipamentos que fizeram pro Pan – e falaram que iam servir pras Olimpíadas – porque estão pequenos/obsoletos/mal cuidados.


É, teve shows incríveis também, o Iggy se superou, o N.A.S.A. foi fenomenal... E umas outras coisas que foram só ok. Mas disso a gente fala depois.

2 comentários:

leila disse...

bom saber que o playcenter superou as expectativas. foi mais um dos motivos de eu não ter ido. a vila era tão legal, na minha cabeça...[mas não sou contra a destruição de patrimônio histórico, haha!]

Doda Lobo disse...

Excelente!!!A cidade seria outra se todos os galpões, parques de diversões fossem utilizados para a cidade!!! Eu me senti muito bem no Playcenter. Eu quero mais música, bandas novas, bandas antigas, banheiros limpos, pessoas respeitando o espaço, jogando lixo no lixo. É POSSÍVEL. Boto fé!

Mina, parabéns pelo post!!!