sexta-feira, 20 de março de 2009

Cidade e arte

Saí no metrô Anhangabaú as 21:15hrs de uma quarta-feira e pus-me, inadvertidademente, a caminhar na direção radialmente oposta àquela pretendida. Pretensão esta de entender a cidade, de saber lidar com ela.

É evidente que neste momento eu não tinha percebido que estava indo para o lado errado, mas sentindo algo de estranho no trajeto, olhava para cima, me localizava pelos edifícios. Meu quebra-cabeça urbano lutava para recalcular a rota, inseguro. Perguntei, ninguém sabia, quatro vezes.

Girei 180° e segui percurso, porque este tanto eu deduzi. Caí na rua errada, me vi cercada de pessoas que me viam como alienígena. Meus sapatos pareciam cobiçados nos olhares atentos e direcionados. Dei meia volta e parti num caminho que permitisse o sucesso da empreitada.

Um carro de polícia apareceu me seguindo e me senti segura, escoltada. Andávamos apenas eu e a viatura numa viela de pedestres. O carro parou, um homem em prantos foi jogado na rua. Mudei de direção novamente.

Contornei, cheguei. Cheguei e entrei num espaço cultural num hotel reciclado.

Surgiu um flautista. Surgiu um grupo de dança, motivo de toda a história. Surgiu movimento, vida, ocupação artística do espaço. Meus sentidos foram estimulados pela textura, pelo som e pelo que se criava ali. Um estímulo bastante contrastante com a experiência imediatamente anterior.

Em tudo isso, me vi perplexa. Não sei ainda analisar ou emblematizar esta situação, mas a caricaturização da vivência urbana me surpreende sempre.

Foto tirada por mim, lá.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Aos formandos


Continuando na onda de posts autobiográficos...

Não sou formanda, professora, paraninfa ou patrona, mas me atrevo a dizer algumas palavrinhas pra turma que era minha que foi embora.


Passamos cinco anos juntos (ou quase juntos) e passamos por uma porção enorme de coisas.

Não vou listar os eventos inesquecíveis e engraçados porque isso fica a cargo da Doda e do Gui no discurso, e da Cá nas fotos. E por mais que eu ainda tenha o TCC pela frente, foi com vocês que eu aprendi a pensar como arquiteta, a não querer ser arquiteta, a descobrir que sou.

Desejo a vocês muita sorte no mundo de gente grande, que vocês arrumem empregos legais, abram bons escritórios, e principalmente, façam bons projetos. Não sei quem vai ser arquiteto, urbanista, designer, historiador, ator, malabarista, político ou dono de restaurante, mas espero que vocês se dêem muito bem no que quer que forem fazer, porque são projetos de qualquer maneira.

Espero ainda, que a gente olhe daqui há vinte anos e tenha muito orgulho de falar que estudou com tal ou tal pessoa, que seja um de nós que, disposto a melhorar a cidade, conseguiu. Que a gente tenha orgulho de ter sido turma cobaia, de uma escola que virou muito boa. Que voltemos lá para dar aula e dividir nosso conhecimento.

É bom que vocês não esqueçam de nós, os retardatários, e venham ajudar a gente a se formar, como eu ajudei um pouco vocês!


E pronto. Quero ver todo mundo de marrom no sábado, porque é a cor da arquitetura, como acabei de descobrir.