segunda-feira, 5 de abril de 2010

Política (divagações #265)



Eu gosto de discutir política. Mas gosto do jeito que vale a pena. Como no futebol, e (is)pure bem disse, existe o jeito crítico de discutir, e existe o jeito de idéias cristalizadas e que não vão mudar; não há debate, há disputa de egos.

Então pra discutir política do jeito que me parece valer a pena, vamos lá.

Semana passada o Lula fez um discurso não me lembro pra quê, em que (apesar de poder ser punido pelo TSE por fazer campanha antes da hora), disse que “nós (Brasil, brasileiros, governo) estamos no meio da travessia de um rio, e que se dermos meia volta agora, corremos o risco de nos afogarmos”.

Achei bonita essa metáfora independente do significado político. Fiquei pensando sobre a imagem do rio, de que mesmo seguindo em frente, corremos o risco de nos afogarmos. E que pela conjuntura do Brasil no mundo hoje, parece que estamos mesmo na travessia de um rio, e que estamos em um momento propício e necessário para se discutir o rumo desta travessia.

Em palestra na exposição Modernista: 80 anos, Carlos Martins falou sobre o Brasil, o papel da cidade e do arquiteto, e lembrou que essa idéia de que somos países em desenvolvimento e que iremos chegar ao nível dos avançados, hoje já é sabidamente uma lenda, mas emendou e afirmou que hoje se sabe que nós é quem somos o futuros destes outros países.

O que ainda me dá agonia é que mesmo quando se pensa tudo isso, na maioria das vezes, continuamos presos num discurso vazio, sem aplicação prática.

Já se sabe há mais de década que os arquitetos produzem 5% do que é produzido no país. Só que mesmo tendo ouvido esta estatística mil vezes, nunca vi ela ser emendada por uma proposta.

E eu vou fazer a mesma coisa agora, porque também não sei que resposta se poderia dar. Mas em tempos de eleição, mudanças climáticas e final do campeonato paulista, dá vontade de ter uma.

A única coisa que eu tenho certeza, é que os tempos de cada um no seu quadrado fazendo uma coisa totalmente alheia à que o próximo está, já eram.



E aí está, mais uma declaração vazia sobre política, pra se juntar à pilha. Idéias que estruturam um começo e um fim, mas não tem o meio, a sustança. Vou lá no meu quadrado pensar sobre como sair dele e quando descobrir eu acrescento o miolo do bolo.

4 comentários:

Fernando Spuri disse...

O bolo precisa de miolo mesmo, pra não morder os dedos.

Borboleta Amarela disse...

o bolo ta totalmente sem recheio.
o que fazer?
dificil....

Doda Lobo disse...

E, ainda nessa metáfora do bolo, é legal dizer que se colocar fermento e não colocar no forno, o bolo não cresce.

Pati Bertucci disse...

É muito importante o debate, sempre aprendemos com ele! E, na minha humilde opnião, é justamente isso que falta para que os arquitetos conquistem seu espaço na sociedade.