Escreveu 3 palavras, disse que era um poema. Voltou, rasgou o guardanapo com as palavras e pediu que esquecesse tudo. São só 3 palavras, fácil de lembrar.
Sorriu mais tarde, estancou a ferida. Só havia uma única lembrança.
Fez as malas, secou a mancha do vestido; vinho tinto. As palavras estavam fora de ordem. Não pediu perdão.
O trem, o rio. Partiu.
O dedo na ferida para forçar a lembrança. A porta aberta e a garrafa no chão.
Andou por 6 rajadas de vento e parou. Fechou os olhos e sentiu a mancha no vestido.
Chegou no pior momento, outono. Esfregou mais uma vez a mancha do vestido, costume instantâneo.
O endereço se misturava com as palavras e o remorso.
A cicatriz já não coçava mais, só indicava uma ausência abismal. Recordava o motivo, menos as palavras. Saiu para procurar.
Toda vez que usava o vestido manchado tentava reordenar as palavras, o movimento final. Voltou para procurar.
Ela, de vestido cinza, sapato vermelho e uma mancha. Ele, de jaqueta jeans e uma cicatriz.
Se viram, se olharam, se lembraram: Inevitável, começo e fim.
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